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terça-feira, 27 de maio de 2014


Haegessa: Entre a luz e as sombras... Prólogo

PRÓLOGO



ACORDARA COM UMA SENSAÇÃO ESTRANHA, ESTAVA MUITO ESCURO, sentira medo, ou melhor, sentira pânico!! Sua boca estava seca e amordaçada com uma tira de pano molhada, deveria ter sido embebida em algo, a mordaça abafava cada tentativa em emitir algum som... Seus olhos estavam pesados, como se houvera sido sedada anteriormente, seus ossos doíam com o frio em que se encontrava... Muito frio...
Tentara se encolher, mas algo gelado prendia suas mãos a uma parede igualmente fria e úmida, não conseguira muito espaço para se mexer, estava presa à parede e sentada ao chão, haviam tirado a sua roupa e vestido-a com um tipo de... Camisola. Tentava, mas ainda não conseguira se lembrar de como tudo acontecera, a última lembrança que tinha era de ter saído ontem com seu esposo, tinham jantado, ido ao cinema e estavam retornando pra casa, era cedo, umas 23h30min...
Sua cabeça doía, uma dor persistente em sua região frontal... Como se houvera batido a testa e perdido a consciência... Um acidente de trânsito? Talvez... Mas por que estava presa a esta parede e apenas de camisola? Mesmo forçando a memória mais uma vez, ainda não conseguira se lembrar de nada... Seria um sequestro? Sim...
Sem dúvidas houvera sido sequestrada, era a única hipótese plausível que conseguira pensar agora, ainda mais devido suas condições atuais.
Rastreara a sala com os olhos, a qual apesar de escura conseguira ver perfeitamente... Era um cômodo amplo, as paredes sem acabamento, vira somente tijolos úmidos à vista e uma tapeçaria pendurada à parede oposta, não conseguira definir a ilustração da mesma devido à falta de iluminação da sala, sob a tapeçaria havia uma mesa comprida encostada à parede, não conseguira ver o que estava sobre o móvel, mais nenhuma outra mobília estava presente no cômodo...
Um cheiro de mofo misturado ao cheiro de carne apodrecida e sangue velho dominavam o ambiente... Que lugar era esse? Não havia som algum, somente seus gemidos abafados o barulho da sua respiração e o som das batidas de seu coração eram audíveis... E esse frio insuportável... Podia ver uma porta de madeira fechada no canto à sua direita, nenhum sinal de seu marido... Ela estava sozinha... Será que ele o haviam machucado? Será que estava bem? Sua cabeça doía...
Quem fizera isso? E por quê? Em uma cidade tão grande, com gente tão rica... Porque a sequestrariam? É apenas uma advogada... Mal sucedida e cheia de empréstimos, diga-se de passagem, onde arranjaria o dinheiro para o resgate? Esperava que não tivessem machucado César... Será que o trouxeram também? Se sim... Onde será que o colocaram? Será que já entraram em contato com as famílias?
- Meu Deus... Ajude-me, por favor...
As palavras abafadas pela mordaça exprimiam o medo e a incerteza da mulher amarrada em meio às sombras. Em meio a todas as perguntas e aos devaneios criados pelo medo, Luiza começara a ouvir alguns passos... Um som discreto, tornando-se crescente... Alguém se aproximando ou apenas obra da sua imaginação em pânico?
Achara que fosse desmaiar de tanto medo, suas mãos trêmulas tentavam desesperadamente se soltar das algemas que já machucavam seus punhos... Suas pernas mexiam-se descontroladamente na inútil tentativa de se soltar ou mesmo de se proteger de quem se aproximava, sua frequência respiratória aumentava vertiginosamente, achou que fosse se sufocar, vomitar e perder a consciência novamente... Começara a tentar gritar, sem sucesso, pois nenhum som além de sussurros abafados eram emitido além da mordaça... Nunca sentira tanto medo em toda a sua vida...
Ouvira fechadura da porta a sua direita ser lentamente destrancada... A maçaneta moveu-se e um facho de luz pode ser contemplado quando a porta começara a se abrir... Desviara os olhos para a tapeçaria e pudera definir perfeitamente a ilustração... Um símbolo, que Luiza sabia muito bem o que significava... E então o horror a dominou por completo...