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domingo, 29 de junho de 2014
quinta-feira, 26 de junho de 2014
Allegro, mas nem tanto...
Allegro,
mas nem tanto...
Em
silêncio a porta fechara-se...
∞
Lá...
Mi... Fá... Colcheias e semi colcheias indicavam qual seria a próxima
nota a ser tocada... Seu coração estava apertado esta noite, não
sabia o motivo... O arco passeava pelas cordas do cello mais uma
vez... Sonata para violoncelo nº3, opus 69, Beethoven, L.Van... Uma
das partituras que mais lhe agradava, seria a solista desta noite e
estava praticando há um bom tempo, lembrara de escrever seu nome em
um dos cantos da folha, sempre perdia suas partituras não
identificadas...
A
música... Era perfeita e ela não poderia açoitar os ouvidos do
público esta noite com notas desafinadas ou dissonâncias
oportunistas, muito menos os ouvidos de Anthony...
-
Perfeição é o mínimo exigido aqui... - Ainda podia ouvir as
palavras carregadas de fúria e gotículas de saliva do maestro
Anthony caindo sobre sua estante... “Perfeição...” “Perfeição
é o mínimo exigido” - As palavras não saíam de sua cabeça nem
por um momento...
O
sótão estava gelado aquela tarde, a bela violoncelista sentira os
dedos e os olhos queimando, encostara o arco em um banquinho próximo
à estante de madeira, posicionara o instrumento de ensaio de uma
maneira adequada e enfim, após quase duas horas levantara-se da
cadeira propositalmente desconfortável e de frente para a parede
marrom, janelas ou estofados na cadeira poderiam distraí-la...
Olhara as folhas das árvores pela janela, dançavam sob a força do
gélido vento daquela tarde de outono... Já estava na hora, o teatro
estaria lotado? Maquiou-se e passara seu perfume favorito...
Descera
até o salão principal, já conseguira ouvir os músicos da
orquestra subindo no palco... Aplausos... Sim, o teatro estava lotado
mais uma vez... A cauda de seu longo vestido arrastara-se pelos
degraus da luxuosa escada do Pedro II, passara pelas portas e vira o
seu reflexo nas vidraças, achou-se bonita, seu longo cabelo negro
estava impecavelmente penteado e o longo vestido vermelho combinava
com a maquiagem e os sapatos tão cuidadosamente escolhidos por sua
mãe... “Perfeição é o mínimo exigido”...
O
caminho solitário que Isabelle percorrera entre o sótão e o palco
parecia não terminar, estava nervosa, como sempre ficava antes de
cada concerto... A pequena mesa estava no lugar de sempre, Isabelle
apanhara a jarra de cristal e colocara um pouco de água na taça...
Sua boca estava seca e apesar do tempo gelado a seu redor, sentia
muito calor, talvez um calor movido pela ansiedade. Esperou alguns
instantes atrás das grandes cortinas vermelhas, observara os outros
membros da orquestra sentados e entrara no palco... Aplausos...
Agradecera a plateia, os balcões e camarotes... Sentou-se em sua
cadeira e posicionou seu cello francês entre os joelhos, aguardou o
spalla entrar no palco e sentar-se à esquerda do maestro... O
estridente lá saíra do Stradivarius do spalla... Acertara a
afinação, observara Anthony entrar no palco... Mais aplausos...
O
maestro tocou três vezes em sua estante com a batuta... Os olhos de
Isabelle voltaram-se à partitura... Sonata nº 03, Opus 69...
Allegro, mas nem tanto... As mãos do maestro italiano ergueram-se...
Abaixaram-se e o arco de Isabelle finalmente acariciara as cordas de
seu cello...
∞
-
Tá ouvindo
Cláudio?
-
Não estou ouvindo nada cara, sobe a tinta...
-
A música...
-
Liga o rádio que você desencana, não tem música nenhuma, agora
sobe a tinta...
André
subira novamente as escadas do andaime com a lata de tinta nas
mãos... Era recém-contratado da empresa de engenharia responsável
pela restauração do teatro que fora consumido por um incêndio há
muitos anos, sempre ouvira a mesma música no final da tarde, depois
das 17h via algo estranho no palco, ouvia o som e sentia o perfume...
Estranho,
pois mais ninguém via, ouvia ou sentia o perfume...Deixou a tinta
aos pés do restaurador e fora até o palco, levara a lanterna e
seguira iluminando os escombros, queria olhar mais de perto... Subira
uma escada e encontrara uma porta praticamente intacta... O perfume
doce, o aroma que o fascinara estava aqui... Seu coração se
apertara... Abrira a porta em um único empurrão...
Nada...
Apenas escombros a céu aberto, o que um dia fora o sótão de um dos
teatros mais luxuosos do país hoje não passava de um amontoado de
madeira queimada, o sol já deitava atrás dos prédios do centro da
cidade e o tom amarelo revelara algo à luz do crepúsculo...
Abaixara-se e pegara entre os pedaços de madeira queimada um pequeno
pedaço de papel... “Sonata para violoncelo nº3, Opus 69.
Beethoven, L. Van” - Isabelle Dias...
∞
Isabelle
ensaiava novamente quando sua porta fora aberta e seu coração quase
saíra pela boca...
AllisonRdS
quarta-feira, 18 de junho de 2014
terça-feira, 17 de junho de 2014
Conto 1 - Continnum...
Conto
1- Continnum...
O
homem olhava o contraste em que a cidade se apresentava aquela noite,
nada de diferente do que quase sempre acontece... Seus olhos já
cansados ardiam e sua visão já embaralhava-se, contemplava ao mesmo
tempo a tranquilidade que a luz da lua proporcionava e a caótica
disputa por espaço e atenção em que outdoors, lâmpadas de neon e
faróis de carros e motocicletas se engrenavam... Estava em pé
sobre a mureta que um dia havia sido projetada e construída para
proteger alguém de uma queda eventual, mas pelo visto isso já fora
há muito tempo...
Haviam
apenas duas opções à sua disposição, talvez houvessem mais, mas
não conseguia vê-las... Voltar para dentro e terminar o que havia
começado ou simplesmente dar um passo adiante, despencar em uma
queda livre do vigésimo andar e encontrar o asfalto esburacado...
Qual seria a melhor delas? Há uns vinte minutos media os prós e os
contras de cada uma...
Se
voltasse teria que encarar aqueles olhos inquisidores novamente,
embrulhá-la, descer as escadas do prédio a levando sobre os ombros
e correr o risco de ser apanhado antes mesmo de definir os próximos
passos. Já se pulasse tudo terminaria bem... Ou descobriria que a
teoria de que os suicidas repetem continuamente seus últimos
momentos é verdadeira...
“Se eu fosse embora agora, será que você entenderia? O silêncio lhe
dizendo que a culpa não foi sua... É que eu nasci com o pé na
estrada e com a cabeça lá na lua...” As frases da música que
ouvira há pouco não saiam de sua cabeça, havia ligado o i-pod para
abafar alguns possíveis sons que o entregariam... Havia planejado
tudo, seria perfeito... Mas... Parece que ouvira algo... Uma gélida
brisa tocara seu corpo, cruzou os braços em torno do tórax nu na
inútil tentativa de se proteger de algo, talvez do frio...
Enfim
tomara sua decisão...
Deu
um passo atrás... Desceu e entrou novamente pela porta de vidro
ainda aberta, passou pela cortina e viu que ela ainda estava lá,
inerte... A camisa ainda cobria seu rosto, não conseguira
encará-la...“ O que eu fiz?”... Respingos de sangue davam uma
nova decoração à luxuosa sala de estar do apartamento de
cobertura, tanto tempo depois... “Que merda eu fiz???”... A
estátua africana com suas impressões digitais permanecia perto
dela, morta... As lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto
novamente... Seus pés descalços tiveram a incômoda sensação de
pisar em uma placa de sangue coagulado...
Novamente
a brisa gelada... Sua respiração começara a acelerar, a sala
inteira estava gelada agora... Saia fumaça quando expirava...
Abaixou-se e puxou a camisa... Os olhos estavam abertos, ela o estava
encarando novamente... A têmpora aberta e o tapete que um dia fora
branco mudara com a cor de seu sangue... Sentia medo agora, muito
medo, estava perdido...
-
Abra a porta! - A voz firme de um homem pudera ser ouvida acima da
música, acompanhada de diversas batidas na porta... - Abre a porra
da porta, senão vou arrombar...
Tomas
não tivera mais dúvidas, jogou a camisa novamente sobre o rosto da
esposa inerte, virou-se de frente para a porta de vidro e correu...
Liberdade... Fora sua única sensação ao visualizar o asfalto da
avenida mais cara de Ribeirão aproximando-se de seu rosto... Ouvia o
vento inerte respondendo à velocidade com que seu corpo
despencava... As grades do prédio... o gramado... o som do vento...
frio... escuridão... escuridão... escuridão... silêncio...
…
Olhava
novamente o contraste em que a cidade se apresentava aquela noite,
nada diferente do que quase sempre acontece... Seus olhos já cansados ardiam e sua visão já embaralhava-se...
AllisonRdS
sábado, 14 de junho de 2014
quarta-feira, 11 de junho de 2014
segunda-feira, 9 de junho de 2014
Minha primeira conversa...
Sempre coloco fragmentos do meu primeiro livro no blog, mas nunca me apresentei para as pessoas que estão visualizando a página...
Bom, o meu nome é Allison, tenho trinta e poucos anos, sou enfermeiro, trabalho em um grande hospital escola do interior de São Paulo, me orgulho em ter escolhido esta profissão, adoro o que faço, cuidar das pessoas doentes é revisitar os nossos momentos de angustia e medo, de esperança e alegria, aprendo muito todos os dias... Já fui musico profissionalmente, toquei contrabaixo em algumas bandas e me diverti muito com isso...
Escrever começou como um hobby, sabe quando ler uma história já não é o bastante? Foi assim que comecei... Sempre fui um leitor compulsivo, Ken Follet, Tolkien, André Vianco, George RR Martin, Paulo Coelho, Eduardo Spohr, Augusto Cury e tantos outros, fizeram-me enxergar um novo mundo e ter a necessidade de colocar minha mente para trabalhar em outras coisas, coisas novas...
HAEGESSA: Entre a luz e as sombras nasceu pra ser um livro policial, baseado em filmes, livros e games que vivenciei de alguma forma, seja lendo, assistindo ou apertando botões de algum controle... mas tornou-se muito maior, em certo momento misturou-se com fantasia, com bruxaria e com tantas outras coisas que nem ao menos sabia que estavam na minha cabeça, essas coisas apenas apareceram e tomaram conta da história, a história ganhou vida própria.
Mandei o livro pra várias editoras, não obtive respostas... Então vi a possibilidade da auto publicação e pensei... Porque não? Fiz o cadastro na Saraiva e disponibilizei o livro em formato digital... Hoje ele está como o 46º em popularidade, num total de 4.158 livros digitais, isso me faz muito feliz! Agradeço a quem o olhou na página, o classificou ou mesmo se interessou por ele... O prólogo está disponível aqui no blog e o link dele é esse: http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/7552733
Vou ficando por aqui, passo e deixo novas notícias, se quiserem deixar comentários fiquem a vontade. Abraço a todos...
sábado, 7 de junho de 2014
quinta-feira, 5 de junho de 2014
Orgulho!!!
Hoje tive a felicidade de abrir a página da Saraiva e ver o meu livro, lançado a uma semana e pouquinho estar entre Augusto Cury, Eduardo Spohr e Marta Medeiros... Estou muito feliz!
quarta-feira, 4 de junho de 2014
segunda-feira, 2 de junho de 2014
domingo, 1 de junho de 2014
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