Evigilantes
Corria...
O mais rápido que conseguia, algumas gotas de suor escorriam por sua
testa e queimava-lhe os olhos que já estavam um pouco cansados pela
luz do entardecer... Estava cansado... Muito cansado.
Não
sabia ao certo a quanto tempo estava correndo, nem ao menos se
lembrava o motivo pelo que corria tanto. Parecia-lhe que as árvores
repetiam-se conforme o tempo passava e uma fina chuva começara a
molhar seus pés que escorregavam nas poças de lama. Seu peito doía
muito, ininterruptamente parecia que estava apertado... O sentimento
de urgência que lhe atormentara de tempos em tempos chegara
novamente, sempre era acompanhado de uma descarga de energia que
acelerava tanto seus batimentos cardíacos, que ele chegava a escutar
o fluxo das veias de sua cabeça...
Virou
sua cabeça a procura de algum ponto de referência, algo que lhe
norteasse e que provavelmente seria seu destino, nada... Continuou
correndo enquanto as sombras da noite invadiram o denso bosque, ele
não avistara nenhum animal, nenhum som além de seus passos
esmagando as folhas... Avistara algo incomum, parecia-lhe um ponto de
luz há alguns metros a frente, parara por alguns instantes para
recuperar-se e conseguir respirar por mais alguns segundos...
Chegara
mais próximo ao que era o ponto de luz em meio as árvores, um
círculo de velas acesas iluminava a noite escura, pedras brancas
estava cravadas no chão e em cinco pontos diferentes velas estavam
acesas... Escutara um pequeno barulho e olhara para os lados, uma
coruja de penas castanhas e face branca o observava com seus olhos
prateados... Novamente a dor em seu peito se intensificara e a
descarga que energia que sentia antes estava mais tênue agora,
sentou-se em uma das pedras e colocara as mãos sobre o peito
dolorido, sua respiração estava voltando ao normal, olhara
novamente... Era estranho, as gotas da chuva não apagavam as chamas
das velas... A dor se intensificara e o ar começara a faltar
novamente, escutara uma voz feminina chamando seu nome... Olhara para
todos os lados e tentara responder, mas não conseguia, sua voz não
saíra em nenhuma das tentativas, a luz do círculo começara a ficar
mais forte progressivamente e rapidamente, sua dor aumentara, então
deitou-se no chão e fechou seus olhos...
ψ
-
Voltou, voltou... - A equipe da sala de trauma já estava exausta, as
doses de adrenalina seguidas pelos choques do desfibrilador
conseguiram estimular o coração do paciente a funcionar novamente,
os médicos residentes estavam exaustos em revezar as massagens
cardíacas por quase trinta minutos...
-
Enfermeira, coloca 250 de Dopamina na bomba a 20 ml/hora, por
favor... - Ricardo sentara-se para examinar o prontuário do doente
que fora atropelado na noite anterior, o trauma torácico havia sido
grave com algumas fraturas de arcos costais e contusão pulmonar
acompanhada por um hemotórax já drenado antes da parada... Escutara
os alarmes do monitor quando a enfermeira dera um grito...
O
paciente que acabara de sair de uma parada cardiorrespiratória
estava sentado na cama, com os olhos abertos e olhando para o médico
fixamente...
AllisonRdS