Translate

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Evigilantes...

Evigilantes


Corria... O mais rápido que conseguia, algumas gotas de suor escorriam por sua testa e queimava-lhe os olhos que já estavam um pouco cansados pela luz do entardecer... Estava cansado... Muito cansado.
Não sabia ao certo a quanto tempo estava correndo, nem ao menos se lembrava o motivo pelo que corria tanto. Parecia-lhe que as árvores repetiam-se conforme o tempo passava e uma fina chuva começara a molhar seus pés que escorregavam nas poças de lama. Seu peito doía muito, ininterruptamente parecia que estava apertado... O sentimento de urgência que lhe atormentara de tempos em tempos chegara novamente, sempre era acompanhado de uma descarga de energia que acelerava tanto seus batimentos cardíacos, que ele chegava a escutar o fluxo das veias de sua cabeça...
Virou sua cabeça a procura de algum ponto de referência, algo que lhe norteasse e que provavelmente seria seu destino, nada... Continuou correndo enquanto as sombras da noite invadiram o denso bosque, ele não avistara nenhum animal, nenhum som além de seus passos esmagando as folhas... Avistara algo incomum, parecia-lhe um ponto de luz há alguns metros a frente, parara por alguns instantes para recuperar-se e conseguir respirar por mais alguns segundos...
Chegara mais próximo ao que era o ponto de luz em meio as árvores, um círculo de velas acesas iluminava a noite escura, pedras brancas estava cravadas no chão e em cinco pontos diferentes velas estavam acesas... Escutara um pequeno barulho e olhara para os lados, uma coruja de penas castanhas e face branca o observava com seus olhos prateados... Novamente a dor em seu peito se intensificara e a descarga que energia que sentia antes estava mais tênue agora, sentou-se em uma das pedras e colocara as mãos sobre o peito dolorido, sua respiração estava voltando ao normal, olhara novamente... Era estranho, as gotas da chuva não apagavam as chamas das velas... A dor se intensificara e o ar começara a faltar novamente, escutara uma voz feminina chamando seu nome... Olhara para todos os lados e tentara responder, mas não conseguia, sua voz não saíra em nenhuma das tentativas, a luz do círculo começara a ficar mais forte progressivamente e rapidamente, sua dor aumentara, então deitou-se no chão e fechou seus olhos...
ψ

- Voltou, voltou... - A equipe da sala de trauma já estava exausta, as doses de adrenalina seguidas pelos choques do desfibrilador conseguiram estimular o coração do paciente a funcionar novamente, os médicos residentes estavam exaustos em revezar as massagens cardíacas por quase trinta minutos...
- Enfermeira, coloca 250 de Dopamina na bomba a 20 ml/hora, por favor... - Ricardo sentara-se para examinar o prontuário do doente que fora atropelado na noite anterior, o trauma torácico havia sido grave com algumas fraturas de arcos costais e contusão pulmonar acompanhada por um hemotórax já drenado antes da parada... Escutara os alarmes do monitor quando a enfermeira dera um grito...
O paciente que acabara de sair de uma parada cardiorrespiratória estava sentado na cama, com os olhos abertos e olhando para o médico fixamente...

AllisonRdS